À COCA DA VIDA ALHEIA
Tenho uma vizinha que sabe tudo sobre todos os moradores da minha rua.
Já entradota, a minha vizinha cedo ficou reformada e liberta da filharada. Sozinha em casa, moída pelo rambe-rambe das tarefas caseiras e pelo desprazer da companhia de um homem de tasca, a minha vizinha faz da sua janela um lugar de vigia de onde não arreda pé nas longas horas do seu dia.
De uma discrição mal disfarçada, não há movimento na rua que ela não capte, nem conversa de comadre que ela não domine. Os horários dos vizinhos, conhece-os de cor e salteado e as relações familiares da vizinhança fazem parte da sua bagagem de conhecimentos. Nada consegue escapar ao “radar” da minha vizinha!
Estranho que queira saber tudo sobre este ou aquele morador, tem na minha vizinha um compêndio completo e solícito.
À parte esta fraqueza, até nem é má pessoa, a minha vizinha.
No entanto, todos lhe temos algum respeitinho, porque todos temos algumas telhas de vidro e, ao mesmo tempo, também uma certa esperança de que, daquilo que ela sabe, nunca faça uso com estrondo e se mantenha apenas como observadora interessada por tudo quanto é tugir e mugir, na minha rua.
essa adorei!!
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